Varietal ou vinho de corte?

Não deixe essa pergunta pegar você de surpresa. Entenda os termos, e deixe sua resposta preparada, na ponta da língua.

Um vinho varietal, ou monovarietal, é aquele produzido com uma única variedade de uva, ou com uma alta predominância de determinada uva. Um vinho Merlot é produzido basicamente (ou exclusivamente) de uvas merlot.

Um vinho de corte, também chamado blend ou assemblage, é um vinho produzido a partir de diferentes cepas, ou variedades de uvas. Um vinho de corte pode ser elaborado a partir de somente duas uvas diferentes, ou quem sabe com 14, como algumas versões do maravilhoso Châteauneuf-du-Pape!

O melhor exemplo de vinho de corte é o bordalês. Em Bordeaux praticamente não se produz vinho varietal. A cabernet sauvignon produz um vinho austero, tânico e muito colorido, que é mesclado frequentemente com o de outras variedades, como a cabernet franc e a merlot.

Na França, as únicas uvas permitidas para a produção de um vinho tinto rotulado “Bordeaux” são: Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Petit Verdot, Carmenere e Cabernet Franc. Os produtores normalmente escolhem duas ou três dessas cepas em seus cortes, raramente utilizando todas as seis em um único vinho. É o chamado corte bordalês, imitado em inúmeros vinhedos espalhados pelo mundo.

Em alguns vinhos, como Porto e Champanhe, entre outros, encontramos uma mistura de uvas cultivadas em diferentes safras. Estes vinhos são normalmente rotulados “NV” ou não-vintage. Embora esta prática seja mais comum em vinhos espumantes e portos, outros vinicultores podem utilizar a técnica, também.

E por que um enólogo decide misturar diferentes uvas em um único vinho? Para somar qualidades, e multiplicar a complexidade de sabores e aromas.

Mas a pergunta correta deveria ser: por que um enólogo decide fazer um vinho predominantemente de uma única uva? Hoje essa é uma prática muito comum em todo o Novo Mundo, mas que tornou-se realmente popular recentemente. 

Produzir vinhos varietais foi a estratégia dos produtores americanos, lá pelos anos 60, para diferenciarem-se e serem competitivos com seus vinhos, perante os europeus, que nomeiam seus vinhos a partir da região que os produz. “Se não é possível produzir um Bordeaux nos EUA, vamos produzir Cabernet Sauvignon!” Na época, basearam-se em um costume já arraigado, por exemplo, na Alemanha: imprimir no rótulo as cepas utilizadas na fabricação de seus vinhos.

Cada país, e cada legislação define qual o percentual mínimo da uva predominante que permite que um vinho seja rotulado como varietal. Alguns exemplos:

A porcentagem mínima da uva varietal muda de região a região, mas tende a permanecer na faixa de 75 a 90%. África do Sul, Austrália e Nova Zelândia exigem 85%, enquanto o Chile e a Califórnia, 75%. Já no Oregon, exige-se pelo menos 90% de conteúdo varietal para o Pinot Noir do vale do Wilamette.

Se o corte soma qualidades, é possível afirmar que vinhos de corte são melhores que varietais? Não necessariamente. Existem excelentes vinhos de corte e excelentes vinhos varietais espalhados pelo mundo. E o prazer do enófilo é correr atrás deles. 

 




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